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Caracterização SócioEconômica

Caracterização socioeconômica regional

Do ponto de vista geográfico existem diferentes definições de região. Neste Projeto Pedagógico de Curso, entende-se região como uma área delimitada com base em uma determinada característica a qual se atribui importância. Esta pode ser feita com base em critérios econômicos, de um suposto problema social, da função desenvolvida por uma cidade, bem como a partir de características naturais (CORRÊA, 1999, p. 34).

Para fins deste PPC optou-se por usar a proposta de organização regional utilizada pela Secretaria de Planejamento de Mato Grosso. A escolha dessa proposta levou em consideração o fato de que ela permite traduzir a dinâmica geográfica da região onde está inserido o IFMT Campus Avançado Diamantino. Além disso, ajuda a compreender os arranjos produtivos e sociais feitos pelas lideranças políticas e grupos empresariais no que se refere aos ciclos econômicos da área.

Segundo a Secretaria de Planejamento do Estado, Mato Grosso possui doze regiões, entre as quais existe a Região de Planejamento Diamantino. Esta é formada pelos seguintes municípios: Alto Paraguai, Arenápolis, Diamantino, Nobres, Nortelândia, Nova Marilândia, Nova Maringá, Rosário Oeste e São José do Rio Claro.

Os dados do Censo Demográfico de 2010 mostraram que a população da Região de Planejamento Diamantino foi de 106.505 habitantes (IBGE, 2010). Deste total, 78.951 pessoas viviam na área urbana e 27.554 pessoas viviam na área rural. Além disso, os dados indicaram que essa região possui uma extensão territorial de 41.242,97 km², constituindo a menor do estado quanto à área.

A análise da população, com base no critério da faixa etária mostrou que a região teve 14.565 adolescentes (IBGE, 2010). Por sua vez, quanto à população com idade entre 15-29 anos, o mesmo documento expressa que a região abrigou 28.636 jovens (IBGE, 2010). Em relação ao público alvo do IFMT (idade entre 15-39 anos), os dados mostraram a existência de 44.700 pessoas, correspondendo a 41,96% da população regional.

Na região em estudo, as atividades econômicas causaram a formação de áreas com realidades antagônicas, ou seja, a constituição de ilhas de desenvolvimento muito próximas de áreas sem dinâmica econômica. A compreensão dessas realidades pode ser feita com base no Índice de Desenvolvimento Humano – IDH. Na região, o IDH foi de 0,684; abaixo da média do estado de 0,725, em 2010 (Mato Grosso, 2013). A análise desse dado expressa a necessidade de políticas públicas na área de educação, longevidade e renda.

Os dados sobre educação do Censo Demográfico evidenciam que a região teve 32.449 pessoas matriculadas (IBGE, 2010). A distribuição do número total de matriculados, segundo a modalidade de educação, mostrou a seguinte ordem: Ensino Fundamental (15.219); Ensino Médio (4.783); Graduação (2.359); Especialização (233); Mestrado (23) e Doutorado (15).

A leitura dos dados sobre o público alvo do IFMT, população com idade entre 15-39 anos, indicou que 34.310 pessoas não frequentavam a escola (IBGE, 2010). Além disso, o Censo de 2010 atestou a existência de 9.631 pessoas não alfabetizadas (IBGE, 2010). A soma do grupo de pessoas que não frequentavam a escola e a do grupo de pessoas não alfabetizadas foi de 43.941 habitantes, ou seja, 41,25% da população regional.

Quanto ao Produto Interno Bruto – PIB, a Região de Planejamento Diamantino se destacou em Mato Grosso com o total de R$ 2.914.192,00 (IBGE, 2012), um dos mais elevados do estado. Além disso, as atividades econômicas dessa área geraram uma renda per capita de R$ 225,38 (IBGE, 2012). Este resultado constitui o somatório das diferentes atividades econômicas existentes na área, sendo responsável pela geração de empregos para milhares de trabalhadores.

No que se refere às atividades produtivas, segundo o Censo Demográfico de 2010, a região possuiu 49.497 trabalhadores (IBGE, 2010). As atividades que mais geraram empregos foram: agricultura, comércio, indústria, administração pública, construção e educação. Estas atividades reunidas empregaram 32.884 pessoas (IBGE, 2010), correspondendo a 66,43% dos trabalhadores da região.

No âmbito da produção econômica, as atividades ligadas à agricultura se destacaram gerando empregos para 13.416 trabalhadores (IBGE, 2010). O comércio ficou com a segunda posição na geração de emprego com 6.599 pessoas. Em seguida, se destacou a indústria com 4.288 pessoas; a administração pública com 3.111 pessoas; a construção com 2.743 pessoas e por fim a educação com 2.727 pessoas (IBGE, 2010).

Face às considerações feitas, este documento entende como necessário explicitar alguns aspectos socioeconômicos do município de Diamantino - MT.

 Caracterização socioeconômica de Diamantino

O município de Diamantino possui uma extensão territorial de 8.239,10 km² (IBGE, 2010), sendo o segundo maior município da região onde está inserido, atrás apenas de Nova Maringá com uma área de 11.557,30 km² (IBGE, 2010). De acordo com o último Censo Demográfico, a população de Diamantino foi formada por 20.341 habitantes (IBGE, 2010), os quais 15.895 pessoas viviam na área urbana e 4.446 habitavam a área rural.

Os dados da população, quanto à faixa etária, expressaram que o município abrigou 2.814 adolescentes (IBGE, 2010). Em relação aos habitantes com idades entre 15-29 anos, Diamantino teve 6.602 jovens (IBGE, 2010). Por sua vez, a população com faixa etária de 15-39 anos, público alvo do IFMT, foi de 9.843 pessoas (IBGE, 2010). Este número constitui 48,38% do total da população de Diamantino.

As repercussões espaciais das atividades de produção econômica causaram a formação de áreas com dinâmicas econômicas muito próximas de locais sem perspectiva de desenvolvimento. Nesse sentido, vale destacar que o Índice de Desenvolvimento Humano ajuda a fazer leituras e interpretações acerca dessas realidades antagônicas. Segundo o IBGE, o IDH do município de Diamantino foi de 0,718, um dos melhores do estado, apesar de estar abaixo da média do Mato Grosso que foi de 0,725 em 2010 (Mato Grosso, 2013).

Os dados do Censo Demográfico de 2010 expressaram que em Diamantino houve 6.615 pessoas matriculadas (IBGE, 2010) em diferentes modalidades de educação. Este total se dividia da seguinte maneira: 2.677 no Ensino Fundamental; 867 no Ensino Médio; 783 na Graduação; 47 na Especialização; 9 no Mestrado e 9 no Doutorado (IBGE, 2010).

Os dados de educação revelaram a existência de 1.076 pessoas não alfabetizadas e que 6.761 pessoas com idades entre 15-39 anos (público alvo do IFMT) não frequentavam a escola (IBGE, 2010). A soma do grupo de pessoas não alfabetizada e a do grupo que não frequentava a escola foi de 7.837 pessoas, ou seja, 38,52% da população.

O Produto Interno Bruto (PIB) de Diamantino foi de R$ 1.205.950,00 (IBGE, 2012), o PIB mais elevado da região onde o município está inserido. Nesse contexto, vale ressaltar ainda que as atividades econômicas realizadas no município geraram uma renda per capita de R$ 287,73 (IBGE, 2012), constituindo a maior renda per capita da Região de Planejamento Diamantino. Os resultados do PIB e da renda per capita são oriundos das diversas atividades produtivas feitas no município e que contribuem para a geração de empregos.

No município em estudo, as atividades de produção econômica empregaram 10.766 pessoas (IBGE, 2010), a maior quantidade da região. As atividades produtivas que mais contribuíram com a geração de empregos foram: agricultura, comércio, indústria, construção, administração pública e educação. Estas atividades reunidas empregaram 7.081 pessoas (IBGE, 2010), este dado representa 65,77% do total de trabalhadores do município.

As atividades econômicas ligadas à agropecuária geraram empregos para 2.487 pessoas (IBGE, 2010), um número bastante expressivo para o município. No âmbito da produção agropecuária, se faz necessário destacar que os gêneros mais cultivados foram a soja (295.000 hectares plantados); o milho (95.000 hectares plantados); o algodão (30.000 hectares plantados) e sorgo (25.000 hectares plantados). O tamanho da área (445 000 hectares) usada para a produção desses gêneros legitima a importância do agronegócio para a economia de Diamantino.

As lavouras mais frequentemente associadas à agricultura familiar não desempenharam função de destaque na economia de Diamantino, uma vez que os gêneros mais cultivados foram os seguintes: arroz (3.500 hectares plantados); feijão (3.450 hectares plantados) e mandioca (120 hectares plantados). Estes gêneros ocuparam apenas 1,52% do total da área utilizada para a produção agrícola que foi de 464.377 hectares plantados em 2013 (IBGE, 2013), demonstrando que o cultivo de arroz, feijão e mandioca apesar de ser fundamental para a alimentação das famílias, pouco interfere nos indicadores econômicos do município.

O comércio ocupou a segunda posição na geração de empregos, uma vez que 1.386 pessoas trabalharam com atividades comerciais em Diamantino. Posteriormente, se destacou a indústria com a geração de empregos para 983 pessoas; a construção com 812 empregados; os setores da administração pública com 747 empregados, e por fim o ramo de educação com 666 empregados (IBGE, 2010).

Diante das considerações expostas, o território de Mato Grosso pode ser analisado como uma área de grande importância nacional e com potenciais cada vez mais crescentes nos campos econômicos, culturais e sociais, reunindo condições para atuação do IFMT, bem como para o seu fortalecimento devido à grande demanda educacional, especialmente no que se refere à educação profissional e tecnológica.

A missão do IFMT estabelece que sua principal função é educar para a vida e para o trabalho, assim, é inerente ao IFMT a difusão da cultura, a investigação científica, a educação holística, o ensino das profissões e, finalmente, a prestação de serviços à sociedade mediante o desenvolvimento de atividades de extensão, conforme o inciso IV, do art. 7º, da Lei 11.892 de dezembro de 2008.

IV - Desenvolver atividades de extensão de acordo com os princípios e finalidades da educação profissional e tecnológica, em articulação com o mundo do trabalho e os segmentos sociais e com ênfase na produção, desenvolvimento e difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos.

 A partir do que foi mencionado, pode-se constatar que o papel do IFMT extrapola o âmbito restrito do ensino das profissões promovidas em seus cursos. Embora a formação se constitua numa das suas funções, a sua missão fundamental refere-se à produção do conhecimento, à capacidade de fazer questionamentos e ao exercício da criticidade, mediante os quais pode tornar possível o desenvolvimento da capacidade de resposta aos problemas e desafios vivenciados pela sociedade em diferentes campos.

Nos últimos anos, têm-se discutido de forma bastante significativa a tematização de ações que refletem a inserção das instituições de ensino no contexto social da comunidade na qual estão inseridas. Essa máxima se constitui legítima, devido às políticas públicas difundidas durante a última década no Brasil.

 Os motivos que justificam a criação doa cursos de Administração e Agricultura Integrados ao Ensino Médio consideraram o Art. 205 da Constituição Brasileira de 1988, segundo o qual, a educação constitui um direito de todos e dever do Estado e da família, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Nesse sentido, vale ressaltar que apesar de a Constituição Brasileira assegurar o direito à educação, no Mato Grosso, a Região de Diamantino possui grandes desafios no que se refere à educação, uma vez que o total de pessoas fora da escola somado com a população não alfabetizada foi de 41,25% (IBGE, 2010). Este dado coloca para o IFMT o desafio de ajudar a sociedade no sentido de proporcionar formação de qualidade; atrair a população; garantir a sua permanência na escola; formar pessoas para a prática profissional e o exercício da cidadania.

A criação do IFMT Campus Avançado Diamantino faz parte da política nacional de expansão dos Institutos Federais de Educação pelo interior dos estados brasileiros. A criação de novas unidades leva em consideração alguns critérios, entre os quais, optou-se por destacar os seguintes: (i) interiorização da oferta pública de educação profissional e ensino superior; (ii) atendimento aos municípios situados em região não atendida por escolas federais; (iii) fortalecimento dos arranjos produtivos locais e regionais e, por fim, (IV) áreas com demandas por educação técnica e profissional.

O IFMT Campus Avançado Diamantino constitui a primeira instituição federal de educação profissional e tecnológica da Região Diamantino, sendo assim, a oferta de vagas para os cursos técnicos não ficam restritas aos limites territoriais do município, mas estão disponíveis para a região, no sentido de atender os anseios da população por educação técnica e profissional.

A escolha da forma integrada considerou as demandas da população local e regional, identificadas com a realização da pesquisa para definir os cursos técnicos integrados a serem implantados no IFMT Campus Avançado Diamantino a partir do ano de 2016. Essa pesquisa foi realizada no segundo semestre de 2015 e aplicada em nove municípios (Alto Paraguai, Arenápolis, Diamantino, Nobres, Nortelândia, Nova Marilândia, Rosário Oeste, São José do Rio Claro e Santo Afonso) e ouviu 2.670 pessoas, organizadas por segmento social. Deste total, 91% das pessoas ouvidas foram trabalhadores e estudantes (figura 1). O segmento social formado por estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental explicitou o interesse pelo curso técnico na forma integrada.

Figura 1 – Segmentos sociais & Participações
Fonte - Atividade de campo, Equipe IFMT Campus Avançado Diamantino, 2015.Segmentos Sociais e Participações

Quanto ao curso técnico em Administração, essa escolha considerou o resultado da pesquisa, uma vez que o Curso Técnico em Administração foi o segundo mais votado pela população da região (figura 2).


Figura 2 - Segmentos sociais & Cursos Técnicos

Fonte - Atividade de campo, Avelino; Almeida, 2015.


 

O Curso Técnico em Administração possui uma importância estratégica para o município de Diamantino e sua região. As principais funções desempenhadas por esse técnico se relaciona ao apoio administrativo, contábil e logístico, ajudando a planejar de maneira organizada e sistemática a cadeia produtiva de atividades agropecuárias, extrativistas, industriais, comerciais e de serviços.

No recorte espacial da Região de Diamantino, esse campo de atuação apresenta carência de pessoas com formação técnica em administração, uma vez que existem apenas 14% de profissionais de nível técnico (IBGE, 2010) que trabalham desenvolvendo atividades ligadas à administração. Esse dado expressa não apenas a carência de mão-de-obra, mas revela a necessidade de oferecer qualificação técnica, pois em função do perfil regional, constata-se que uma parcela desses profissionais não dominam os conhecimentos ligados à legislação trabalhistas; as técnicas de recrutamento e seleção; têm dificuldades para administrar conflitos; não conseguem trabalhar em grupos e apresentam outras dificuldades.

Face às considerações feitas, faz-se necessário ainda ressaltar que atualmente o Campus oferta um Curso Técnico em Administração, na forma concomitante. Em função desses aspectos, a instituição já possui uma infraestrutura (sala de aula, laboratório de informática com acesso a internet e quadro de professores servidores e temporários) que viabiliza a implantação do Curso Técnico em Administração Integrado ao Ensino Médio.

Diante do exposto, por meio do Projeto Pedagógico do Curso Técnico em Administração Integrado ao Ensino Médio pretende-se formar cidadãos na perspectiva do trabalho, da cultura, da ciência e da tecnologia; considerando os aspectos ligados à ética, ao respeito, à afetividade e à solidariedade; com foco de atuação local e regional, bem como na diminuição das desigualdades socioeconômicas e territoriais no contexto local e regional que a instituição está inserida.

 

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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso - Campus Diamantino

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Diamantino/MT